12.28.2009

Um ano e outro

Sempre tive a palavra "sonhadora" associada ao meu nome. A minha mãe tinha a mania de dizer isso, ela acreditava mesmo. As pessoas que iam chegando à minha vida e ganhando algum espaço importante iam dizendo isso. Até naqueles postais que se costuma receber nos anos ou no Natal, tu sabes, aqueles que têm a descrição do teu nome, "sonhadora" estava sempre lá. Ou então no signo. Mais ou menos fiável tudo dava igual. No fundo eu concordava, não porque costumava ter muitos sonhos durante a noite, nada disso, eu concordava porque estando a estudar, a ver televisão, a ouvir música, estando a fazer qualquer coisa a minha cabeça parava, mas parava de tomar atenção à tal coisa para rumar noutra direcção. Sonhava acordada, é exactamente isso, muitas e muitas vezes. Tantas mais quantas a vida me deixava. Às vezes passava a ser verdade mas outras vezes não e houve vezes de períodos de seca dos sonhos. Tu percebes a ideia, não percebes? Pensa numa criança e num doce, se lhe dão um ela toma sentido e quer sempre mais, mas se não lhe dão até pode fazer birra mas acaba por esquecer no minuto seguinte com a proposta de uma qualquer brincadeira. O que quero dizer é que a vida eram os pais que diziam (quase) sempre à sonhadora criança, eu, que não! O sonho não podia passar a ser a minha verdade. Fui deixando de ter vontade, fui perdendo o hábito se assim se pode chamar, fui-me deixando levar demasiado pelo que existia e acontecia. E até criei defesas, tu sabes, tu ultrapassaste-as. Nessa altura a vida decidiu ser uns pais que oferecem um presente e dizem, tinha isto guardado para ti e chegou o momento de te dar. E, nessa altura, eu tive a reacção do filho, é bom ou é mau? É muito bom e agora? Esperava tanto por isto que agora... Que agora sonho mais do que antes porque o vivo, o sinto, o tenho, porque passou a ser a minha vida! E no fim do ano só posso dizer que quero mais um ano a sonhar isto. É o mesmo que tu, não é?

12.26.2009

Amar

Quando amamos alguém, não perdemos só a cabeça, perdemos também o nosso coração. Ele salta para fora do peito e depois, quando volta, já não é o mesmo, é outro, com cicatrizes novas. Às vezes volta maior, se o amor foi feliz, outras, regressa feito numa bola de trapos, é preciso reconstruí-lo com paciência, dedicação e muito amor-próprio. E outras vezes não volta. Fica do outro lado da vida, na vida de quem não quis ficar do nosso lado.

O dia em que te esqueci
Margarida Rebelo Pinto

12.04.2009

Preto no branco

E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas ilusões de que tudo podia ser meu para sempre.

Não te deixarei morrer David Crockett
Miguel Sousa Tavares

11.28.2009

Ponto final

O projecto não era meu, era nosso. Era um projecto de uma equipa que acreditava. Hoje ainda continua a equipa, não mais a mesma, mas outra renovada. Mas desvaneceu toda a vontade de fazer, toda a alegria por fazer, todo o espírito ao fazer. Desvaneceu devido a um vento vindo de norte, descontrolado e sem rumo. Um vento que não fala com a chuva nem com o sol, não fala nem quer falar, perceber ou ceder. É um vento que se entende somente com outros ventos iguais a eles e com quem conquista. O projecto não conseguiu vencer contra quem não o queria. A equipa não tem razão de existir não podendo trabalhar no seu projecto e não quer andar a balançar entre projectos que aparecem ao saber do vento. Os bons momentos em equipa ficam, e ficam as pessoas que os fizerem acontecer, e excepções que se contam pelos dedos de uma só mão. O resto é resto, esquece-se! Não se justifica perder mais do que já perdi, não se justifica porque não se ganhou nem a experiência. Não se justifica porque ao nosso lado estão equipas iguais ou piores que a nossa. Não se justifica o slogan porque a união não existe e porque o respeito também não. Tenho tempo, mais tarde, para estar por necessidade em ambientes assim. Continuar, hoje, era uma tolice e uma persistência que não se traduzia em qualidade ou inteligência.
Não existe sequer vontade para isso. Então, depois de tudo, parece ter-se encontrado o ponto final.

11.21.2009

Hoje e o dia que aconteceu

Houve um tempo em que julguei
Que o valor do que fazia
Era tal que se eu parasse
O mundo à volta ruía

(...)

Agora em tudo o que faço
O tempo é tão relativo
Podes vir por um abraço
Podes vir sem ter motivo
Tens em mim o teu espaço

Rui Veloso - Todo o tempo do mundo

11.19.2009

O tempo que me foge

não estarás sempre ao meu lado para me dares um empurrão

11.15.2009

Livre


Fui assim dois dias.
Livre!
Fui princesa sem castelo e sem sapatinho de cristal.
Fui rainha do nosso tempo e isso chegou!
E foi muito melhor do que tudo.

11.04.2009

coração aberto

Saudade de quem está perto
De ouvir quem está mesmo ali
Do tempo em que te sorri
É incerto este decerto
É esquecer o que senti?
É antes desejar o que vivi
Por certo, é querer-te aqui!

10.29.2009

Teimosamente

No fim da viagem nem tudo eram boas recordações. Porém, juntando tudo, as boas eram mais do que as más porque as más rodopiavam à volta sempre do mesmo assunto, do mesmo corpo, do mesmo ser, da mesma personalidade, da mesma teimosia, teimosamente sem eu perceber porquê. Nunca é bom, nada bom, um teimoso teimar com outro igual a ele e apesar de sabermos isso lá deixámos que acontecesse. E continuamos assim. Depois de tudo é estranho. E é estranho sentir que não estranho tanto como pensava que iria estranhar. Talvez porque o tempo é senhor de si e ganha a qualquer motor de alta cilindrada.

10.27.2009

l'air du temps

"Interpretar os sinais dos tempos ou, como dizem os franceses, captar l'air du temps. Mais do que uma possível rima numa qualquer quadra poética, é uma postura de alerta. Uma espécie de hipersensibilidade, de estado de permanente nervosismo e de atenção na forma de estar e ver as coisas. E isto é tão importante quando embainhamos a altura de uma saia como quando costuramos sonhos e projectos de vida. Num e noutro caso, há que estar atento ao que aquilo que é presente denuncia já do que virá a ser o futuro. (...) Nesta panóplia de sentidos, l'air du temps também nos surge como retalhos de brisas oriundas de várias direcções que também nós podemos coser a bel-prazer (...). Importante é que saiba sempre com que linhas se cose."

Felipa Garnel
(Lux)

10.26.2009

Conhecimento de metro

" Até hoje fui sempre futuro! "

Inquietante (no mínimo)!

10.25.2009

Interpretar

Podemos ser assim, grandes!
Podemos ser assim, pequeninos!

10.19.2009

quero-o

[eee pc seashell]


votem AQUI sff

10.18.2009

essência

Conhecer alguém muito bem pode ser sinónimo de amizade. Sim, de certeza que na maioria das vezes assim o é. Conhecer alguém realmente bem vai para além da amizade, do amor, de tudo, vamos até à essência da pessoa. Essência! Nunca pensei bem no que isto é, no que isto significa.. se conhecer a tua essência é porque somos cúmplices? É isto? Se conhecer a tua essência e tu descobrires a minha somos totalmente transparentes um com o outro? Faz sentido não faz? A essência será sinceridade plena? Será o quê? De certeza que se sente quando se descobre, eu sei. De certeza que todos temos uma.

De certeza que a essência vai muito para além das palavras, eu sei!
E, para mim, a tua é essencial!

10.16.2009

Costura e Futebol

Sei lá o porquê... mas na minha cabeça faz sentido.
E é isto, a minha cabeça de mulher é, por vezes, difícil de explicar. Ou difícil de entender.
Sabe-se lá!

Afinal eu também ligo aos pormenores.
Temos é pormenores diferentes!

8.06.2009

Só assim...

Só serei Princesa se houver Príncipe...

tal e qual como nas historiazinhas de encantar

7.20.2009

Enfim!

A vida tem destas coisas, por vezes temos de ceder e lutar contra a nossa autenticidade, espontaneidade, verdade.


não gosto (NADA!)

7.02.2009

Dicionário da Vida

Nunca usas bem uma palavra sem teres sentido efectivamente o significado dela. Agora sei o que é efectivamente a injustiça! Posso dizer que ela é bruxa, feia e má. Posso acrescentar que ela magoa, que dói! Posso enumerar mais uma data de palavras para a descrever que não vão servir para nada porque não vão esclarecer ninguém. Quem já a vivenciou percebe este meu pequeno texto, quem pensa que já a vivenciou mas no fundo não passou por ela pode virar-se para qualquer opinião, mas normalmente será ainda mais dramático, quem não a vivenciou que continue com essa mesma sorte!

Eu como já sei, já a conheço, de perto, bem perto, eu como já a vivi e senti, eu como já me magoei não precisava de mais esclarecimentos. Por mim pagava-lhe umas férias, reservava um avião para ela e para a família, daqueles que caem! Afinal ela hoje pegou no meu mundo, meteu num desses aviões e fez com que caísse bem em cima da minha cabeça.

Pois já dizia a ironia
Amor com amor se paga
E por trás de qualquer fantasia
O meu barco de resgate naufraga

7.01.2009

#?%&$

tenho saudades de ser criança

[ imagens retiradas do DVD Pode Entrar de Ivete Sangalo ]



sechs

essencial

adj
Constitutivo da essência.
Preciso, indispensável.
Importante.
Que tem as qualidades requeridas.
Especial, característico.
Diz-se dos óleos voláteis obtidos dos vegetais pela destilação.
s. m.
Condição principal e indispensável.



"Diz-se de ti"

6.29.2009

meu maior presente

Se eu olhar para trás verei na minha estrada as curvas e atalhos onde às vezes me perdi, onde eu também achei o meu maior presente, aquele que eu guardo e vivo a cada amanhecer. Foi você quem deu ou quem soube ao menos me mostrar uma imensidão de cores no olhar. Foi você quem leu o que já estava escrito em mim e me ajudou a descobrir o amor que hoje eu levo dentro do meu peito, é o meu maior presente, o amor que me faz cantar e que me leva a qualquer lugar.
o amor
[Ivete Sangalo - meu maior presente]

6.26.2009

Gosto!

Gosto de ser pequenina e de estar no meu cantinho, de ser protegida e sentir-me em segurança. Gosto dos beijinhos, dos abraços e do carinho. E sinto cada vez mais falta. E sinto-me cada vez mais tua e tu cada vez mais meu. E gosto, gosto muito. Gosto que me peças um sorriso e gosto de te ter por perto quando estou triste porque me fazes sonhar e abstraiu-me da minha realidade e de tudo o que está à minha volta, de bom e de mau, e por momentos somos só nós. e sei que nada de mal me pode acontecer. Gosto quando me dás coragem. E sabe bem ouvir da tua boca que tudo vai correr bem, porque da tua boca tudo sai com mais sentido. E agora apetecia-me abraçar-te...
obrigada por hoje! obrigada por todos os dias...

6.23.2009

de valor inestimável

[ devianart.com ]
vê que o sol ainda brilha
ainda tem por onde arder
não é mau
não é bom
são razões para viver
Foge Foge Bandido - Borboleta

6.20.2009

repetir-me assim é tão bom

Encontrei no teu olhar o meu mundo perdido
A cor do meu céu,
Uma chama que a lua faz dançar no escuro,
Um desejo escondido...


Mafalda Veiga - De mão em mão

6.16.2009

ps:

Pelos defeitos dos outros o sábio corrige os seus.

Publio Siro

(sem título)



[ nada a acrescentar ]

6.13.2009

evidência da saudade

Era tarde. O silêncio foi interrompido pela tua melancolia. Olhavas para a estrada e eu olhava para ti. Deixaste que fosse o coração a falar por ti, o teu coração de amigo. Sim, não era em nós que pensavas nem de nós que falavas mas eu não me importei. Não percebi a emoção das tuas palavras assim que começaste a dizê-las, só mais tarde me tocaram aliadas a todos os sentimentos que te invadiam e que eram responsáveis pelo brilho no teu olhar. Ias tocando todos os pontos que te preocupavam, dizias-me que sentias pena por ter de ser assim, a liberdade que gostavas de o ver ter, a felicidade que ele merecia, ias sendo absolutamente sincero mas com imenso cuidado pois não querias que o brilho no olhar se espalhasse pela cara. Pouco ou nada dizia, não sei se por surpresa, se por não saber o que dizer, ou se por saber que estavas triste e que não podias dar meia volta à realidade, não sabia ao certo das coisas que falavas mas sabia o que sentias. Deste mais sentido ao meu silêncio quando disseste que o admiravas muito. Nesse momento orgulhei-me por te conhecer tamanha sensibilidade, sorri e senti que não eram palavras que precisavas. Precisavas simplesmente que alguém acolhesse os teus desabafos.
Talvez ele nunca saiba desta pequena história, talvez nenhum de nós lhe conte. Ou talvez tenha uma surpresa e tu talvez chores como me confessaste. Talvez eu chore também quando se abraçarem e quando me lembrar desta conversa.
Talvez te custe menos do que esperas. Eu espero que seja assim.
E ao contrário de outras coisas espero que esta amizade continue!

6.12.2009

exigência ou distracção?

raramente damos o devido valor ao que temos
frequentemente preocupamo-nos em demasia com o que nos falta

6.10.2009

é a última vez

Invoco-te agora porque sei que me ouves, que os que amamos não morrem pela morte, só morrem em vida. Invoco-te, mãe, porque hoje, Domingo de Páscoa, foi um dia muito duro para mim - com amigos que não estavam onde deveriam ter estado, mentiras que estavam no lugar das verdades e um deserto para atravessar, depois de ter atravessado e sobrevivido, tão próximo ainda, exposto e indefeso, o terrível corredor do hospital que antecede a grande sala das decisões, a que também chamam a sala de operações. Como podes ver, vou recuperando, devagar no corpo e pior no resto. Mas, ontem, estive em Lagos, na Ponta da Piedade, olhando as nossas grutas - o meu território de infância, a luz da tua poesia. Vi o nosso mar e as nossas rochas, vi ali, claramente vista, a verdade e a imanência, a dignidade das coisas em que sempre acreditaste e em que me ensinaste a acreditar. Vi o teu olhar azul como o do mar de Lagos, a tua voz tranquila, as palavras ditas sem desperdício algum, a tua mão desenhando danças sobre o tampo da mesa, o fumo do cigarro perdido no vento que tudo leva, a força, que me ensinaste, de nunca trair, de nunca mentir, de enfrentar mesmo a mais negra escuridão, mas de nunca dar combate a quem não caminha sobre a luz e de cara virada ao vento. Mãe, que me ensinaste a "atravessar contigo o deserto do mundo", fala comigo, só agora, só mais esta vez. Prometo que é a última, que nunca mais me engano no caminho.

Miguel Sousa Tavares

6.09.2009

anda comigo ver os aviões

tu sabes o quanto eu te amo
O quanto eu gosto de ti
E que eu morra aqui
Se um dia eu não te levo à lua
Nem que eu roube a lua,
Só para ti

Os Azeitonas - Anda comigo ver os aviões

6.08.2009

essencial

Queria escrever algo maior
Dar-te as palavras de um sábio
Conseguir a inspiração ao sabor
Do engenho de um astrolábio
Concentrar todo o amor
No mais que perfeito quadro
Aliar a loucura ao rigor
Sem recurso a régua e esquadro
Ter a astúcia de assim repor
Um sinónimo do teu gesto
De tal forma encantador
De tal forma modesto
Guiado por um fio condutor
Que anseia por te mostrar
Ao mais pequeno pormenor
A minha noção do que é amar

6.03.2009

sempre

A perfeição é um engodo, nunca existiu na continuidade, apenas se faz representar por escassos e velozes momentos durante toda a vida, mas como sou uma eterna romântica e ainda não inventaram injecções para arrefecer o coração, relembro o herói solitário das Noites Brancas, que durante quatro longas vigílias, ajudou uma rapariga a esperar pelo seu amado e que, depois de a ver partir, disse: Ah! Um minuto de felicidade! Não basta isso para encher a vida de um homem?

Não, não basta um minuto de felicidade para encher a vida de um homem, porque a vida de um homem é feita de muitos minutos e cada um deve trazer-lhe mais do que uma doce e ténue recordação de algo precioso que teve e perdeu. Não bastam dias de sonho, semanas de paixão, meses de elevação e vontade, porque a verdadeira vida é a que se constrói todos os dias, feita de gestos, atenções e cuidados, pequenos nadas que são quase tudo.


Margarida Rebelo Pinto - Diário da Tua Ausência

5.31.2009

Cinco essenciais

nossos!

Foram devagar conquistados como se não estivessem nos planos - e não estavam! - e agora sabem bem. Foram não, são, porque o passado continuará a fazer parte como base do projecto. E que projecto, daqueles que são sonhos, reais, vividos e experimentados por nós, sem qualquer dúvida envolventes, e que por isso têm o poder de nos fazer sonhar ainda mais. Comprovo-o, agora, sonhando para além da humildade de um brilho no olhar.

São e continuarão a ser, nossos e essenciais!

5.28.2009

rodapé

nem sempre se perde perdendo...

5.27.2009

inversão

[foto: olhares.com]
mudança na ordem dos termos.

5.26.2009

Fui sabendo de mim

Fui sabendo de mim
por aquilo que perdia

pedaços que saíram de mim
com o mistério de serem poucos
e valerem só quando os perdia

fui ficando
por umbrais
aquém do passo
que nunca ousei

eu vi
a árvore morta
e soube que mentia


Mia Couto
"Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

5.20.2009

equivalente

Aviso-te já que isto hoje pode sair um nadinha confuso, estou naqueles dias de pouca arrumação, provavelmente penso uma coisa e ponho-a logo aqui. Aqui há dias recebi uma mensagem a dizer "a avó acaba de partir". Isto é sempre muito diferente para toda a gente. Uma avó pode ser alguém que vimos duas ou três vezes, que chatice, às tantas tenho de passar lá, se não tiver nenhum compromisso, ou então mando flores, telefono aos meus pais a dar um beijinho. Ou uma avó pode ser o que tu me foste. A minha infância. É difícil explicar isto aos outros, mesmo aos da família, mas nós sabemos. Dizerem-me que partiste não é propriamente uma surpresa, mas então o que é isto aqui a arder tanto? Querer dizer coisas e não sair nada? Tu partires é dizerem-me que a minha infância já passou mesmo, acabou de vez, atravessamos a vida inteira a acreditar que ainda lá está, mas a infância (já viste) é apenas os dias parecerem mais longos, e as férias, e as casas. E as pessoas protegem-nos e praticamente não ficam velhas, os que amamos não vão envelhecer nem morrer. E está na altura de dizer coisas que ninguém sabe. Que foste a pessoa com quem mais falei, eu que toda a gente sabe que me tenho calado tantas vezes tanto tempo, foste a pessoa com quem mais falei, que me pegou na mão de bebé para criança, para rapazinho, para rapazote, para adolescente. Eu era o teu primeiro neto e tínhamos nomes um para o outro que só dizíamos quando ninguém estava a ouvir. Que ninguém saberá. Uma vez era um domingo (era sempre domingo na tua casa, a porta aberta, família a entrar e a sair, cheiros de comida e de jardim, a colónia do avô quando descia as escadas após o banho). Bom, dizia-te que era um domingo, estou-me a perder (estou a escrever isto num domingo, não me faças chorar, sabes que eu ia chorar para o pé de ti, e chorei criança, rapazinho, rapazola, chorei duas vezes homem feito). Desculpa, agora é que é. Era domingo de manhã (caramba, chega, o que é isto aqui a arder tanto?), era domingo e fazias-me torradas, tu de roupão, ficaste um nadinha junto à porta que dá para o quintal, vinha a luz da manhã cedo e iluminou-te a cara, os teus olhos da cor do céu, igualzinha, nem mais escuros nem mais claros, da cor do céu, e eu era tão pequeno que só sabia há pouco tempo que havia a morte e pensei ao ver-te assim, não morras, nem hoje nem daqui a uns tempos, não morras se possível, era domingo e eu tinha aquele pijama vermelho às riscas que me estava um pouco grande nas mangas, só os dois na cozinha, e tu enquanto me fazias torradas, batias a massa dos biscoitos, aqueles que ficavam umas argolas com açúcar à volta, que eu punha nos dedos, depois ficava a massa que já não ias aproveitar e davas-me a colher de pau, que era para eu rapar, nunca nada de nada me soube assim, eu a encher-me de açúcar e a fazer-te perguntas, perguntei-te como aprendeste a cozinhar. Disseste-me que para aprender só é preciso ver, e querer ver. Depois acrescentaste: vê tudo o que puderes, tudo, vê bem que a vida e o mundo estão cheios de maravilhas. Tu a dizeres-me que isto passa num instante, mas eu não me preocupei porque tu não ias morrer nunca, porque era domingo e os canteiros lá fora no jardim, flores vermelhas e amarelas e azuis dos teus olhos, por isso quando me debrucei sobre ti no caixão e te falei ao ouvido, pode parecer disparato mas pensa bem no que te disse. Uma última coisa: vou dar um título piroso e infantil a esta crónica. Apetece-me, porque hoje é domingo e sou uma criança.


"Para a minha querida avó"

Rodrigo Guedes de Carvalho

5.19.2009

Tempo Nosso

Vou-me deitar com um sorriso
Que me foi dado pelo tempo
Algo por demais impreciso
Que agora caracterizo
Como a mais certa ousadia
Do que agora institucionalizo
Por certo, de nosso dia

5.10.2009







Andamos por um caminho, com curvas e contracurvas, a que chamamos carinhosamente de nosso ...




brindamos sonhos que guardamos no coração e orgulhamo-nos de todas as pegadas deixadas neste chão ...




e atravessamos juntos alguns dias menos risonhos ...





que nos fazem sentir meio perdidos, mas não desistimos e temos vontade de começar sempre outra vez ...





porque fazes parte do meu templo e já ninguém te tira daqui ...

5.09.2009

Ligas-te a pequenos pormenores dos quais eu me desligo. Constantemente! As tuas palavras, as doces, ansiavam reinventar-me, mas em vez disso, transformei-te em tolerância e fiz-te acreditar que as tuas palavras eram peças de um monólogo, sem qualquer honra de glória. Contei sempre com a força dos teus braços para me puxarem para o teu lado da sintonia e ontem deparei-me com eles estendidos, esperavam talvez que eu me acordasse. Sem ler nos teus olhos, apercebi-me da tua mensagem, mais uma vez, numa desfasagem temporal. Não percebo porque insisto no limite se quando lá estou me sinto tão inversamente ligada a ti. Ganho uma repentina consciência do meu botão off e sinto o peso da responsabilidade por não o ter mudado. Cansaste-te de o ligar por mim, e assim, em vez de ser a mim foi a ti que reeinventei. Sou a causa sem gostar de o ser e isso desgasta-me.

Apresentei-me como sonho sem te contar os meus defeitos, desculpa!

5.03.2009

A Walk to Remember

Jamie: You’re acting like a crazy person, what's going on?
Landon: Right now, you're straddling the state line.
Jamie: OK...
Landon: You're in two places at once.


Love is always patient and kind. It is never jealous. Love is never boastful or conceited. It is never rude or selfish. It does not take offense and is not resentful.





* the special moment of my life *

4.27.2009

Sou muito mais o que sonho
Para além do que mostro
Sou o amor que em tudo ponho
E o empenho quando não gosto
Sou as emoções que baralho
Quando penso demasiado
Acabo por ser o que falho
Sempre que escolho o errado

4.24.2009

Cabeça de Babel

Tenho este problema: não consigo esquecer-me de nada. Não consigo abstrair-me de nada. É como se tudo existisse e vivesse em mim, todas as coisas do mundo ao mesmo tempo na minha mente.
Nesta minha cabeça de Babel, também o meu tempo nem sempre acerta o passo com o tempo que marcam relógios, tic-tacs variados que me fazem sentir sempre atrasada para um qualquer encontro. Tanta coisa a existir, tanto tempo para acertar o passo comigo, tanto tudo ao mesmo tempo que me dói tudo. Vivo em delay permanente. Nem sequer sei, depois, quando penso bem nisso, se estou realmente atrasada, desfasada neste tempo que me obrigam a cumprir porque me serve de guia. Não sinto, no entanto, os anos que tenho. Não sinto o fim nem o princípio do que sou. Quanto tempo têm estes peixes do meu aquário? Diz-se que os peixes duram poucos anos, poucos meses... Serão dias? Não sei. Se calhar sabem quanto tempo têm para nadar furiosamente no aquário em manobras de respirar sempre um pouco mais.
E por isso parecem eles mais livres lá dentro do que eu aqui dentro.

excerto do diário de Pandora Noreia Barbarosa

4.19.2009

O meu mundo é o fim do dia

O meu mundo é o fim do dia. Quando já não há sol, mas ainda não é noite e o céu ainda é azul e as nuvens de fogo laranja saturado e o ar fresco e os candeeiros da cidade acendem-se de nostalgia e as incontáveis janelas e os metalizados dos carros reflectem as luzes tristes e quentes das nossas noites e o céu tão azul ainda sem estrelas onde baloiçam, devagar, as copas das árvores já escuras sem verde e as sombras são coisas solitárias e caladas e eu olho lá para o fundo lá para cima onde as nuvens são de fogo e as janelas estão acesas e lembro-me das noites perfeitas deitado na areia ainda quente do deserto e de ti a vires ter comigo alegre sempre alegre e suave tão suave o teu toque quente, o teu abraço meigo e deitares-te comigo na imensidão sob a noite, o teu toque fresh night falling slighty over my flesh, lembro-me, então, que a minha alma é o fim do dia e fico em paz e profundamente feliz nesta fronteira tão curta e efémera, parado neste umbral quase a entrar em casa e é quando a noite cai e eu também e tu adormeceste e o meu coração avermelha-se de sangue e o mundo chama-me para si mas não é o meu mundo.
É só o outro lado do dia.

excerto do diário de Ângelo do Céu Grande

4.15.2009

Genuinamente a dois

Enquanto dormes, eu fico acordada a sonhar.
O prazer que me dá poder construir o melhor de todos os cenários e mudá-lo sempre que me apetecer só para dentro do sonho sonhar ainda mais é algo tão genuíno que até utilizando as melhores palavras não consigo exprimir.

Pois, há realmente sentimentos que devemos guardar para nós porque só nós, genuinamente, os entendemos. Dito já se tornou noutro sentimento construído à imagem do primeiro, já o consegues assimilar mas já tem a sua genuína falsidade.

Talvez por um olhar ou por um gesto igualmente genuínos o agarres, nem que seja só por um momento. Se assim acontecer perdurará na tua memória e em vez de dormires entraremos num sonho a dois...

4.13.2009

Brisa da Manhã

Os ponteiros do relógio deviam andar à velocidade de cada um. É injusto! Hoje eu precisava da manhã, precisava que aquelas horas se triplicassem, precisava que o tempo fosse extenso para transformar linhas em leis. Somos diferentes e os dias passam por nós sem monotonia e hoje precisava da manhã e hoje (agora!) cedia a noite. Troca por troca, tão simples. Mas alguém achou caprichoso demais ambicionar o tempo e trocar a ordem ao ontem, hoje e amanhã. Queria encontrar esse alguém, mostrar-lhe a equação da ambição ao quadrado, não ceder a noite e aproveitá-la para lhe explicar (tim tim por tim tim) o porquê de querer tanto a manhã, manhã essa que os seus olhos avaliavam como mais uma. Pronto, dando voz à indecisão não queria bem isso. Queria antes só uns cinco minutos (sim, bastava-me cinco minutos) da minha noite com o tal alguém e cedia o resto para descontar na manhã e queria ainda que ele tivesse coração. Assim fazia engenhosamente uma ligação directa do meu ao dele e conjugava-lhe o verbo amar no presente (um minuto), apresentava-lhe o eu e o ele (dois minutos), mostrava-lhe a sinceridade do sorriso dos seus mais recentes conhecidos no meu telemóvel (três minutos), pedia-lhe a manhã para poder ter um hoje na cara (quatro minutos) e cedia-lhe gentilmente sessenta segundos para me perguntar 'quanto tempo precisas?'

O sonho não me trará nenhuma brisa da manhã. É pena!

4.12.2009

Dieta de Sentimentos

Não precisamos disto.
As saudades consumiram-me durante tempos onde deixei de querer saber o que sentia. O que mudava lá fora após cada engano de que a cidade dormia não era adquirido pelos meus sentidos, era contado, por uma, duas e três pessoas. Mas era somente contado, não era assimilado nem percebido por mim ou não me tivesse esquecido de querer deixar de saber o que queria sentir. O meu discurso não era o comboio de segredos que tão bem sabia guiar. Os meus gestos eram falsas acrobacias controladas. Cá dentro estava feita em voltas e reviravoltas despidas de qualquer discernimento. Andava na montanha russa sem segurança porque não sabia te dizer não. Olhando-te, deixava sentir o que sabia não querer.
Não precisavas disto.
Eu ansiava saber não precisar.
E por fim aprendi, depois de uma dieta de sentimentos. Às vezes é bom ter como amiga a racionalidade.
Hoje os segredos tornam o meu comboio valioso.
E enriqueço em segurança.
Não preciso mais de saber querer, deixo-me sentir apenas!

4.07.2009

serás eterna à medida da minha eternidade

nunca me vou esquecer de ti, AVÓ


[amo-te]

3.25.2009

Sou desarrumada por natureza.
Olho para a secretária e tenho uma pilha de livros, prendas ainda dos meus anos, ipod e máquina fotográfica, calculadora, caixa dos óculos, uma garrafa de água e um calendário.
Desse mesmo calendário bem que podia perder a memória de ontem e hoje.

Enquadramento

Eu não tenho filosofia, tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...


Fernando Pessoa

3.23.2009

19 de Março

" when people told me that super heroes didn't exist I prove they were wrong "

3.15.2009

sete + um

Ouvir o ladrar dos cães era sinónimo de um bocado bem passado de certeza. Ouvires o barulho do carro e nos veres deixava-te feliz. Ficávamos a semana toda sem nos vermos, às vezes até duas e três porque o fim-de-semana nos pregava partidas, por isso o tempo juntas era aproveitado. Podias ter regado as plantas, apanhado a fruta, cuidado da estufa, podias ter feito tudo o que tinhas para fazer naquele dia, mas no momento que chegava pegavas no cesto ou na enchada e perguntavas: "Queres ir com a avó?". Sabias bem que o meu coração pulava. E contigo ia. E contigo íamos. À tua frente, na descida para a figueira, iam o sérgio e o bruno, algumas vezes a pé outras tantas de bicicleta, mas quase sempre a falar das raparigas ou do futebol. À tua frente e à frente deles ia eu e o pedro, pequeninos e tranquinas, já lá estavámos em baixo, fazíamos quase sempre corridas com os cães e brincávamos às escondidas na figueira. A nossa alegria dava-te prazer, por isso, descias à figueira quantas vezes fosse preciso sem te lembrares das dores nas pernas. Voltávamos para cima e aí íamos os oito, juntos, quase lado a lado. Com o coração reconfortado!

Hoje queria que te lembrasses das dores nas pernas, assim também te lembrarias de mim, de nós, do caminho para a figueira e de todas as bonitas vezes que o fizemos.

Porque não gosto do sete, gosto muito mais do oito!

3.10.2009

Corrente intimista

Dou liberdade aos sentimentos para que usem todas as cores que têm para pintarem o meu coração e ainda dou liberdade para pintarem fora do risco! E quando assim acontece uso quase sempre aguarela!

altos e baixos !

e por hoje está tudo dito

3.08.2009

Feitios

Não quero que me interpretes mal e muito menos que penses que não podes contar comigo. Sei que sabes tão bem como eu o que é a amizade e o que é a nossa amizade. Somos diferentes e isso é bom. Eu aprendo contigo a ser menos orgulhosa e a tentar perceber o outro lado. Esforço-me para ser um bocadinho mais boa pessoa. Às vezes erro, é certo, mas, no fundo, sei o meu defeito e sei o que tenho de fazer para combatê-lo e ainda sei quando erro, embora não por defeito mas por feitio me custe a admitir. Contigo é o feitio que não deixa admitir o defeito e por mais que te pareça uma simples brincadeira de troca com as palavras é muito mais do que isso. E tu, no fundo, sabes, só que não combates contra isso e nas vezes em que o fazes deixas-te sair vencido. É o teu erro, é certo, mas ao fim de tantos anos a recusar combater deves ter guardado muita força. Parte de ti ir por aí procurá-la, parte de mim dizer-te para não ires para muito longe. Porém, parte ainda de ti aprender comigo a usá-la, a seres mais orgulhoso, forte, frio e egoísta no sentido de pensares em ti primeiro. E chegamos à parte onde somos diferentes e isso é mau. Quero que aprendas tão ou melhor do que eu, quero que dês uma grande volta para encontrar a minha sala porque ainda que as matérias sejam diferentes podemos estudar juntos, pois um sabe melhor do que ninguém explicar a matéria do outro. E aqui voltamos a ser de novo diferentes e parte de nós fazer com que isso seja de novo bom!

3.04.2009

dia de choque!

um dia escrevo sobre ele. agora só quero esquecê-lo a dormir...

3.02.2009

" Tulou "

Famosos castelos maioritariamente redondos
Feitos de terra, bambu, arroz glutinoso, açúcar e madeira
De onde podemos sempre olhar o céu e deixar as estrelas entrarem!

O Povo Hakka guarda, sem dúvida, um doce segredo

3.01.2009

Encontrado no Baú

abro e fecho o livro
o que leio não tem sentido
mas ninguém me pediu opinião
e ao rever as cores do quarto
solto um sorriso de embaraço,
nunca lhes dei tanta atenção!
o coração, esse, acelerado
não me deixa adormecer
mas não vou nem quero perceber,
a data não é de ocasião!

2.24.2009

Nota

Não tenho nenhum texto feito nem ideias para fazer algum. Não encontrei nenhum bonito nem quero pôr nenhuma música. Hoje, só quero guardar no cantinho dos segredos um sorriso de criança e um olhar meigo. Porque hoje, basta-me isso para saber que sou feliz. E quero guardar porque no meio de tantos dias complicados que por circunstâncias da vida hão-de aparecer, hei-de voltar aqui, ler e reler a nota, saber que valeu e vale a pena e voltar a aprender a fazer o mesmo olhar para poder ver o mesmo sorriso!

2.22.2009

Um olhar diferente

Eu quero acreditar que vou olhar cada dia como se fosse a primeira vez. Ver as pessoas que me cercam com surpresa e espanto, alegre por descobrir que estão ao meu lado dividindo algo chamado amor, muito falado, pouco entendido.

Entrarei no primeiro ônibus que passar, sem perguntar em que direção está indo, e saltarei assim que olhar algo que me chame atenção. Passarei por um mendigo que me pedirá uma esmola. Talvez eu dê, talvez eu ache que irá gastar em bebida, e siga adiante – escutando seus insultos, e entendendo que esta é sua forma de comunicar-se comigo. Passarei por alguém que está tentando destruir uma cabine telefônica. Talvez eu tente impedi-lo, talvez eu entenda que faz isso porque não tem ninguém com quem conversar do outro lado da linha, e desta maneira procura espantar sua solidão.

Eu olharei tudo e todos como se fosse a primeira vez – principalmente as pequenas coisas, com as quais já estou habituado, e esqueci-me da magia que me cerca. As teclas do meu computador, por exemplo, que se movem com uma energia que eu não compreendo. O papel que aparece na tela, e que há muito tempo não se manifesta de maneira física, embora eu acredite que esteja escrevendo em uma folha branca, onde é fácil corrigir apertando apenas uma tecla. Ao lado da tela do computador acumulam-se alguns papéis que não tenho paciência de colocar em ordem, mas se eu achar que escondem novidades, todas estas cartas, lembretes, recortes, recibos, ganharão vida própria, e terão histórias curiosas – do passado e do futuro – para me contar. Tantas coisas no mundo, tantos caminhos percorridos, tantas entradas e saídas na minha vida.

Vou colocar uma camisa que costumo usar sempre, e pela primeira vez vou prestar atenção à sua etiqueta, a maneira como foi costurada, e vou procurar imaginar as mãos que a desenharam, e as máquinas que transformaram este desenho em algo material, visível.

E mesmo as coisas com as quais estou habituado – como o arco e as flechas, a xícara de café da manhã, as botas que se transformaram em uma extensão de meus pés depois de muito uso – serão revestidas do mistério da descoberta. Que tudo que minha mão tocar, meus olhos virem, minha boca provar, seja diferente agora, embora tenha sido igual por muitos anos. Assim, elas deixarão de ser natureza morta, e passarão a me transmitir o segredo de estarem comigo por tanto tempo, e manifestarão o milagre do reencontro com emoções que já tinham sido desgastadas pela rotina.

Quero olhar pela primeira vez o sol, se amanhã fizer sol; o tempo nublado, se amanhã estiver nublado. Acima de minha cabeça existe um céu que a humanidade inteira, em milhares de anos de observação, já deu uma série de explicações razoáveis. Pois eu esquecerei todas as coisas que aprendi a respeito das estrelas, e elas se transformarão de novo em anjos, ou em crianças, ou em qualquer coisa que eu sentir vontade de acreditar no momento.

O tempo e a vida foram transformando tudo em algo perfeitamente compreensível – e eu preciso do mistério, do trovão que é a voz de um deus enraivecido, e não uma simples descarga elétrica que provoca vibrações na atmosfera. Eu quero encher de novo minha vida de fantasia, porque um deus enraivecido é muito mais curioso, aterrador, e interessante, que um fenômeno físico.

E, finalmente, que eu olhe a mim mesmo como se fosse a primeira vez que estivesse em contato com meu corpo e minha alma. Que eu olhe esta pessoa que caminha, que sente, que fala como qualquer outra, que eu fique admirado com seus gestos mais simples, como conversar com o carteiro, abrir a correspondência, contemplar sua mulher dormindo ao lado, perguntando a si mesmo com o que ela estará sonhando.

E assim, permanecerei o que sou e o que gosto de ser, uma constante surpresa para mim mesmo. Este eu que não foi criado nem por meu pai, nem por minha mãe, nem pela minha escola, mas por tudo aquilo que vivi até hoje, que esqueci de repente, e estou descobrindo de novo.


Paulo Coelho

2.21.2009

à minha medida

não quero nunca quebrar a tradição!
pequeno paraíso chamado ericeira

2.18.2009

The Women



Acho que beleza real é autenticidade. E é tão simples como isso.
Acho que o sentido de humor é mesmo uma coisa linda.
As pessoas tornam-se bonitas quando sentimos a sua confiança.
Porque o que é lindo em ser mulher é que nós somos tantas coisas.
Honestamente, é preciso algum esforço para sabermos quem somos com todas as mensagens trocadas e exigências culturais diferentes de quem deveríamos ser.
Seja boa consigo mesma.
Porque, prometo-lhe, dará resultados e evoluirá e verá como são espectaculares as suas "diferenças".
Ser mulher é uma dádiva

fim

2.17.2009

Quem sabe a culpa não é do ascendente...

Tenho 20 anos e sou do signo peixes.
É o último do zodíaco e por isso dizem que é o signo que engloba tudo o que os outros todos aprenderam a fim de atingir o potencial máximo do ser humano. E dizem ainda que se preocupa em demasia com os outros e que por eles não se importa de se sacrificar.
Será que esta coisa de viver seria diferente se fosse de algum signo do pódio do zodíaco?
É que ou os outros onze andam a aprender muito mal ou se enganaram a passar-me o testemunho.
Ou então sou eu que não sei lidar com tudo ao mesmo tempo.

Dizem que nesta coisa de viver ainda há muito a aprender!

2.12.2009

Poema em linha recta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado,
Para fora da possiblidade do soco;
Eu que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu que verifico que não tenho par nisto neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo,
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu um enxovalho,
Nunca foi senão - princípe - todos eles princípes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana,
Quem confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó princípes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde há gente no mundo?

Então só eu que é vil e erróneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Álvaro de Campos

2.09.2009

Fuga!

Soube bem perder a noção do tempo.
Soube bem reviver os dias de férias juntas.
Soube tão bem por tudo!
E ainda está a saber porque o modo zen ainda está on!

2.04.2009

Teoria da Cor

Isaac Newton foi cientista, físico, matemático, astrónomo, alquimista, filósofo natural e teólogo. Influente na História da Ciência e na Mecânica Clássica. E descobriu a natureza das cores e desenhou a primeira roda das cores.

Eu, bem eu já fiz muitas experiências e nunca descobri nada de novo, já questionei a gravidade sem sucesso, já fiz intersecção de conjuntos que não devia, nunca me consegui orientar pela ursa maior nem dei muito uso à química mas tenho guardadas tantas e tantas filosofias com fé de uma estar certa. Influenciei ainda assim a minha vida e a de quem tenho por perto. Mas descobri uma nova cor: transparente! Não, não, não! Melhor, usei-me de palavras inteligentes e adicionei-a à minha roda das cores. E coloquei-a no meio da roda porque combina incrivelmente com todas as outras cores. Agora é aprender a usá-la e na dose certa porque às vezes dá jeito.

Isaac Newton até podia considerar o transparente uma não-cor, uma perfeita idiotice mesmo, mas quem sabe se hoje em dia não iria ter uma maior dificuldade em desvendar a natureza de todas as outras (eu acho que sim!). Porque hoje em dia o preto pode não ser bem preto, nem o branco bem branco e o cor-de-pele percorrer uma paleta inteira sendo muitas vezes transparente. e outras tantas ansiando por o ser!

2.03.2009

Cabeça vs Coração

"Sabes qual é a melhor coisa do coração? É que não pensa. Devíamos poder ser crianças toda a vida para agir sempre com o coração. Só assim seríamos perfeitamente sinceros."

se o coração não é racional, eu também não o tenho de ser!

2.02.2009

Sex and the City

Os homens podem ter descoberto o fogo mas as mulheres descobriram como brincar com ele!

Bom nick!

O que queres ser quando fores grande?

Mistura a tua formação com todos os teus sonhos.. e para servires o prato final com mais requinte junta também a imprevisibilidade da vida.

E agora diz-me que não lhe conseguiste dar um nome para pôr no menu!

Deixa lá, o meu queimou no forno.

2.01.2009

what dreams may come

"aquilo que algumas pessoas consideram impossível é apenas algo que nunca viram antes"

1.26.2009

Desvia-te (sempre) deste desvio

Às vezes a ideia de que estou a perder os melhores momentos da minha vida assalta-me e como se não bastasse assusta-me. Às vezes é tão má como ouvir um "não" da minha mãe quando, em criança, lhe pedia algo a mais que a conta. Não é tão má, é pior... em criança, a seguir ao não, chorava ou fazia birra ou tinha qualquer outra atitude que ficava ali, colada no álbum de recordações àquele momento, e hoje, hoje não é bem assim - não é nada assim! - há uma fada que vira bruxa e depois vira fada de novo chamada responsabilidade. Hoje além dessa tal há a consciência de um outro tipo chamado futuro que adora jogar comigo às escondidas e que nunca se deixa descobrir antes do jogo terminar. E hoje, quando a dúvida aparece e procuro a fada para me ajudar só encontro a bruxa que me apresenta um tipo novo chamado presente que vive acelerado mas que tem tempo para fazer publicidade barata a outras tantas realidades. E hoje, quando a cabeça se desvia do desvio, a dúvida desaparece com se por magia. Secalhar foi mesmo porque ainda agora me cruzei com a fada e com o tipo do jogo das escondidas que me mostrou o seu esconderijo, muito bom por sinal.

ninguém me disse que vida de gente grande era fácil.
mas ainda bem que também ninguém me proibiu de voltar a ser criança sempre que me apetecer e precisar!

para a próxima meto uma acção de despejo para a bruxa e não largo a mão da fada. para a próxima jogo às escondidas com o presente porque ainda tenho a vontade infantil de ganhar sempre. para a próxima, se houver próxima, logo vejo do que brinco com o futuro...

Será defeito?

às vezes esqueço-me de verbalizar o que sinto mesmo sem ninguém me pedir opinião

1.25.2009

Enquanto houver estrada para andar

que a dependência é uma besta
que dá cabo do desejo
e a liberdade é uma maluca
que sabe quanto vale um beijo

que a saudade é convencida
faz o coração pequenino
e a sorte é destemida
não está quando é preciso

que o destino é um senhor
que por vezes é meu amigo
e o azar é um mendigo
que vem bater à minha porta

que a necessidade é uma obra
que eu insisto em comprar
e a hesitação sabedoria
que eu uso p'ra contra balançar

que o gostar é um habitante
não paga renda ao coração
e o amor um deambulante
que anseia por me ter na mão

que o sonho é uma criança
que faz de ti o seu brinquedo
e a cumplicidade é conselheira
e afasta de ti o medo

que a imaginação é uma porreira
que te dá tudo o que queres
e o contentamento é um pilantra
que te invade quando perdes

mas...
enquanto houver estrada para andar
a gente vai continuar
enquanto houver estrada para andar
enquanto houver ventos e mar
a gente não vai parar
enquanto houver ventos e mar


em itálico: jorge palma - a gente vai continuar

1.24.2009

"Mafaldinha"

O dia começou com um exame da faculdade. Um filme para descontrair depois deste, ainda que interrompido pelo almoço. Tarde de estudo ou tentativa disso. Jantar. Avenida da Liberdade à chuva mas não nos importámos porque sabíamos que a Mafaldinha ia ser grande e aquecer o Coliseu.



E assim foi... a Mafaldinha esqueceu o medo e saiu do escuro dos bastidores e esperou no tempo algum sinal do público que não tardou a chegar. Fiz uma viagem sem me mover. Faz parte! Larguei os medos na entrada do Coliseu e desmontei cada peça de que é feito o coração à medida que se avançava no alinhamento. Dancei no escuro das Galerias sem me esquecer de sonhar. A noite prendeu-me nos seus braços mas ainda assim dei a volta ao mundo recordando tantas batalhas, tantas imagens, tantos medos e tantos olhares imortais. Ontem o meu caminho foi coincidente com o de muita gente e ao longo de duas horas foi muito bom, muito mais do que eu te sei dizer. Ficaram marcados os vestígios da noite e ficou "o meu abrigo" a banda sonora de uma grande amizade. Sem dúvida será uma noite para me lembrar pela vida fora, uma noite em que foi tão fácil entregar a alma. Deixei-me ir pisando os luares perdidos no chão. Queria um dia sem fim para continuar a voar sem deixar nunca de sentir o chão. Era, quem sabe, um tempo de inventar o que a noite esconde. E a Mafaldinha inventou um jogo a dois com o Tiago Bettencourt e protagonizaram uma cena de filme ao piano. Foi uma boa noite e ainda melhor por pode-la partilhar com pessoas que sabem tanto de mim e que me fazem sentir que há lugares que são pequenos abrigos para onde podemos sempre fugir. No fundo, com pessoas com quem já virei do avesso a vida. E nesta boa noite gostei de dizer e de ouvir abraça-me bem, o velho inundou-me de nostalgia, emocionei-me com o menino do piano e transformei uma canção em conselho para gozar bem a minha rota mesmo sem saber o que vem a seguir. O tempo corria e eu, música após música, recebia daquilo que aumenta o coração. De ontem vou guardar só o que é bom de guardar.

Alinhamento:
Vertigem
Entre achados e perdidos
Faz Parte
De mão em mão
Quando
Ao teu redor
Antes da escuridão
Imortais
Vestígios de ti
O meu abrigo
Uma noite para comemorar
Cúmplices
Uma gota
Tatuagens
Os dias
Só tu sabes
Era uma vez um pensamento teu
Balançar
O jogo
Filme
Outra margem de mim
Fim do dia
Estrada
Abraça-me bem
Velho
O menino do piano
A gente vai continuar
Um pouco de céu
Lume
Restolho
Cada lugar teu

1.21.2009

Ao teu redor

Enquanto lá fora tudo já parou
Os pensamentos percorrem o teu mundo
A noite devolve-te tudo o que em ti há de mais profundo
Devagar deixas-te ir no silêncio intenso que te envolve
Olhas para a caixa a que entregaste todas as recordações
Só olhas porque não queres saborear o que outrora te deu
Enquanto cá dentro revives o que passou
Sentes o cheiro de todos os momentos e lugares
A noite devolve-te em lembrança todos os luares
Amanhã a vida fará contigo o que lhe apetece
Mas agora é altura para sentires todas as sensações
Daquilo com que esperaste porque ela te prometeu
Enquanto é palavra que ficou
De uma guerra aberta com o coração
A noite devolve-te a essência do teu chão
Sentes vontade de continuar o que te acontece
Desviando-te de todas as marés e colisões
Recuperando o que o medo te perdeu

1.18.2009

Leis: a não esquecer

no mundo joga quem sabe jogar,
ganha quem sabe perder!

charlie brown jr - sem medo da escuridão

1.17.2009

Guarda segredo

Gosto de saber que tenho pessoas que confiam em mim. Mais do que saber os segredos ou o que de mais profundo escondem o melhor é sentir a confiança que é depositada em ti. Mas tudo o que é bom tem o seu senão: o baú dos problemas dos outros vai acumulando folhas e folhas de histórias, por vezes o enredo acaba mal começa mas outras vezes prolonga-se até encher o baú. E quando o baú fica cheio geres sobre pressão o espaço para guardar mais e mais histórias... e como sobre pressão é difícil agires de forma exemplar acabas por misturar tudo. Entras numa história que não é tua e sabes todas as respostas das maiores dúvidas dos protagonistas. O teu papel é subtilmente extragavante, actuar como se não tivesses conhecimento de nada.

Neste enredo sou actriz desde o início. A série já vai para lá da quarta temporada e eu vou ficando sempre com um papel de destaque. Mas não fico porque quero! Não há director e mesmo assim não me consigo despedir. Simplesmente desligar, desistir!

Sabes bem que sabemos guardar um segredo.
às vezes prefiro nem saber e andar a leste de tudo.

1.14.2009

A certeza da dúvida

Eu podia. Jamais chegaremos a compreender o significado desta frase. Porque em todos os momentos de nossa vida existem coisas que podiam ter acontecido, e terminaram não acontecendo. Existem instantes mágicos que vão passando despercebidos, e – de repente – a mão do destino muda o nosso universo.

(...)

– A vida te ensinou muitas coisas – eu disse, tentando manter a conversa.
– Me ensinou que podemos aprender, me ensinou que podemos mudar – respondeu ele. – Mesmo que pareça impossível.


paulo coelho - na margem do rio piedra

1.13.2009

Para além do destino

agarra o teu mundo
acende os lugares
onde se escondem os teus sentidos
e não tenhas medo se às vezes falhares
o que importa é o caminho que fica
entre achados e perdidos

mafalda veiga - entre achados e perdidos

1.12.2009

www.amorverdadeiro.com.pt


" Quando duas pessoas escolhem estar juntas significa que se amam. Em Portugal, uma em cada quatro mulheres é vítima de maus tratos. Maltratar não é amar. Amar, para além de tudo, é respeito. "
---
Simples e Directo ...
Século XXI é inovação, é tecnologia, é modernidade, é ...
e infelizmente ainda é uma em cada quatro mulheres ser vítima de maus tratos!
... Tão Chocante como Ridículo!

1.11.2009

Without Rules

"I owe my success to having listened respectfully to the very best advice, and then going away and doing the exact opposite."

G. K. Chesterton

1.04.2009

Parte de uma surpresa

Não sou de fazer amizades tão rapidamente. De dar e de ganhar tal confiança em tão pouco tempo... mas a cumplicidade é uma coisa que não se explica... no nosso caso não interessa saber o porquê, simplesmente fico muito feliz por saber que existe!

A Vida!

A vida é o dever que nós
trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê já são seis horas!
Quando se vê já é sexta-feira!
Quando se vê já é Natal...
Quando se vê já terminou o ano...
Quando se vê já perdemos o amor da nossa vida
Quando se vê já passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade,
Eu nem sequer olhava o relógio.
Seguiria o amor que está à minha frente
e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo
de que goste devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas a seu lado
por medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo
que, infelizmente, nunca mais voltará

Mário Quintana

1.03.2009

BOOM 2009

foi sem passas, sem contagem na tv, sem cuecas azuis, sem mergulho na piscina, mas com as melhores pessoas ... e no fundo é isso o mais importante!