6.13.2009

evidência da saudade

Era tarde. O silêncio foi interrompido pela tua melancolia. Olhavas para a estrada e eu olhava para ti. Deixaste que fosse o coração a falar por ti, o teu coração de amigo. Sim, não era em nós que pensavas nem de nós que falavas mas eu não me importei. Não percebi a emoção das tuas palavras assim que começaste a dizê-las, só mais tarde me tocaram aliadas a todos os sentimentos que te invadiam e que eram responsáveis pelo brilho no teu olhar. Ias tocando todos os pontos que te preocupavam, dizias-me que sentias pena por ter de ser assim, a liberdade que gostavas de o ver ter, a felicidade que ele merecia, ias sendo absolutamente sincero mas com imenso cuidado pois não querias que o brilho no olhar se espalhasse pela cara. Pouco ou nada dizia, não sei se por surpresa, se por não saber o que dizer, ou se por saber que estavas triste e que não podias dar meia volta à realidade, não sabia ao certo das coisas que falavas mas sabia o que sentias. Deste mais sentido ao meu silêncio quando disseste que o admiravas muito. Nesse momento orgulhei-me por te conhecer tamanha sensibilidade, sorri e senti que não eram palavras que precisavas. Precisavas simplesmente que alguém acolhesse os teus desabafos.
Talvez ele nunca saiba desta pequena história, talvez nenhum de nós lhe conte. Ou talvez tenha uma surpresa e tu talvez chores como me confessaste. Talvez eu chore também quando se abraçarem e quando me lembrar desta conversa.
Talvez te custe menos do que esperas. Eu espero que seja assim.
E ao contrário de outras coisas espero que esta amizade continue!

Sem comentários: