4.15.2008

Reconciliação

Sempre fui orgulhosa. E quando digo orgulhosa, deveria dizer, demasiado orgulhosa. Sempre quis passar aos outros que sou forte, que passo por cima das coisas de forma fácil. O porquê resume-se numa palavra, "feitio"! Entre amigos numa qualquer conversa mais acesa custa-me dar o braço a torcer. Numa zangazinha mais prolongada, raramente o faço. E como dita a regra que devia ter mais excepções, desta vez o feitio não deixou ceder. Passou o tempo das desculpas. Passava mais tempo do que eu própria esperava. Passou demasiado tempo. Hoje acabou a birra, a parvoíce, a teimosia, o orgulho, não pelo feitio abrir a sua excepção mas pelo outro lado ter dado o primeiro passo para a reconciliação. Pediu-me dois minutos e em dois minutos ensinou-me como ser verdadeiramente grande. Hoje o orgulho é outro, é ver que não me enganei quando confiei na pessoa, é ter orgulho nela e na nossa amizade. É também ter pena do tempo perdido e do "mau feitio".
Para te tornares grande também têm de te mostrar o quanto és pequeno. E nesse sentido, obrigada!

4.14.2008

Um perto bem longe

O que tu metes em verso
Eu refaço e escrevo em prosa
E no meio deste inverno
E desta vida caprichosa
Vejo partir quem não quero
Tudo por teimosia
De não querer admitir
Que no meio desta correria
És ainda quem me faz sorrir

4.13.2008

Piscina

Quando era pequena pedia aos meus pais uma casa grande para ter uma piscina no jardim. Os meus pais diziam que sóas pessoas ricas é que podiam comprar essas casas, que infelizmente eles não me podiam proporcionar isso. Eu ficava triste e com inveja dos meninos que tinham pais ricos, mas divertia-me à mesma, com outros brinquedos, no minuto seguintejá estava a rir a brincar com as bonecas e os nenucos. Os meninos ricos tinham a piscina e podiam utilizá-la sempreque queriam. Hoje os meninos ricos sempre que estão tristes continuam a ter a piscina, escondem o sofrimento e não lutam. Eu continuo a não a ter, o que me fortalece a cada dia, o que me faz lutar para não precisar dela. Eu continuo a chorar sem esconder. Sou transparente. E feliz por não ter tido nem ter uma piscina!

4.11.2008

Reviravoltas

quando tudo vai passar
é quando tu não queres que passe
quando não há volta a dar
já entraste num impasse

4.06.2008

"O verbo amar e as suas complicações"

Ela mora dentro de cada um de nós. Nos olhos marejados de lágrimas de mães. Na face lívida das donzelas sonhadoras. Nas palpitações nervosas dos jovens. Nas tardes que morrem numa agonia de luz. Somente Deus e a criança não sentem saudade. Tem o misticismo de um ritual sagrado. Tem a doçura encantadora das harmonias musicais. Tem a eloquência altissonante da poesia. Tem o timbre dos sinos que plangem ao entardecer. É espiritual como o perfume das flores. Inocente como as crianças. Ingénua como as meninas. Sonhadora como as donzelas. Experiente como os adultos. Triste como os velhos. Da saudade falaram os poetas. Cantaram-na os músicos. Com ela os namorados enfeitam de ternura e de encanto os seus dias e de literatura as suas cartas. Saudade é a presença do que está ausente. É a ressurreição do que está morto. É a única coisa que fica daquilo que não ficou. É o perfume do Amor que se evaporou. As letras que formam a palavra SAUDADE - são sete notas musicais. Escala diatónica que faz vibrar no teclado do coração as mais doces e tristes canções. Todas as emoções da alma, todas as vibrações do coração, todos os encantos do sentimento, todos os idílios da imaginação se condensam e se manifestam na saudade, que é sofrimento que alegra. Nada crucifica tanto a alma do homem como a saudade. Nada mitiga tanto as duas dores como a saudade. É sofrimento e é alívio. É dor e é riso. É noite e é dia.

P. António Vieira
(adaptado)

4.03.2008

Sorte

quando tudo acontece ao mesmo tempo é que provas que és forte! mas e se não o quiser provar?