11.27.2008

O quarto poder!

O quarto poder é um quarto
Com vista sobre a cidade que já não o é
Sobre as ruas que já o foram
Sobre as casas que deixaram de o ser
O quarto poder é um pai
De um filho tornado órfão por uma bala certeira
Errada no alvo
Errada na hora
Errada no tempo
Que faz do lugar a morada última
De um quotidiano que se estende
O quarto poder é um fogo
Ingrato nos modos
Ousado na fuga
Intenso na cor
Injusto nas vítimas
O quarto poder é um mar
Um oceano de raiva
Um elemento à deriva
Uma ausência de razão
Um lamento inconsolável
Um ímpeto de sobrevivência
O quarto poder é um voto
Um desejo dobrado em quatro
A esperança feita num oito
Promessa, palavras vãs, ínfimos caminhos
Passos perdidos
Leis e normas e regras
No melhor dos países
Os oásis e os pântanos
E a posse a pensar na posse
No quero, no tudo, no mando
O quarto poder é um piano
As teclas o prolongamento do tacto
A pauta a serenidade literária
A mão silhueta temerária
E a mente suavemente brilhante
Tem na partitura o efeito
E na causa cheia o aplauso
O quarto poder é um golo
Um passe em profundidade
Um drible, um truque, um remate
Uma falta como se pecado fosse
Um lamento
Um país
Uma forma de vitória
A outra forma da derrota
O quarto poder é um acto
As horas que dele decorrem
As vidas que nele se perdem
As incertezas do dia
E a inevitabilidade da noite
O quarto poder é um arbítrio
Um acaso disfarçado
Um fogo farto do nada
De tudo fatilidade
De todos a aprovação
De muitos a privação
De quem a responsabilidade
O quarto poder é a pergunta
E a resposta
E mais pergunta
E tese, e antítese, e síntese
E os dias que hão-de vir
A nobreza do dever
É missão de não esconder
De mostrar
De saber
De fazer saber
De saber fazer, olhar e explicar
O quarto poder é um quarto
Um quarto requisitado
Um pai que é baleado
Um cubo inacabado
Um mar assim tresloucado
Um voto mais uma vez escortinhado
Um piano a ser tocado
Um golo que é celebrado
Um acto premeditado
Um arbítrio incontrolado
Uma pergunta ilustrada

@ SIC NOTÍCIAS

11.06.2008

Desabafo

Num quotidiano agitado
Dentro de um quadrado
Os olhos de outro alguém
Quase que por magia
Conseguem ver pr'além
De qualquer fantasia
Deixa qualquer um atarantado
Mais do que tinha imaginado!

Sem nas horas reparar
Não me vou sequer importar
Do que por aí for espalhado
Só com os meus me preocupo
E a eles me justifico
Os que tenho sempre ao lado
Vão esquecer depois de ouvir
Vão-me abraçar depois de rir

11.04.2008

Compromisso Clandestino

Não sei quantos meses durou
Não sei se já é tempo a mais
É assim, como gosto mais
Não dar pelo tempo que passou
Não sei o que trazia vestido
Nem se o encontrei perdido
O meu coração não se fechou
Pormenor não encontrado
No guião mal decorado
Ao me ver não me abraçou
Nem sequer me acenou
Não percebo porque não pensou
No sorriso que não soltou
Mesmo depois de tudo acontecer
O meu coração não aguentou
No final do guião ver
Uma página por escrever...

11.01.2008

Diabruras do Coração

Sei que muitos não o percebem e que alguns o podem criticar, mas não é meu objectivo todas as pessoas agradar. Admito que não tenho razão aparente para o sentir mas a verdade é que o sinto. E sinto como já o sentisse há muito. Inexplicável! A minha avó chamaria "coisas do diabo". Não me admiro, todo o seu conhecimento advém de um mundo a preto e branco. No meu, ou seja lá o que isto for, o vermelho já entra. Tanto para o bem como para o mal, é quase capitão de equipa. É o que sofre sem ter culpa nenhuma. Por isso, e contando com a minha humilde vivência, arriscaria um lamechas "coisas do coração". Não sei se é da magia do sangue, da força da coincidência ou resultado de um engraçado jogo de palavras... mas no fundo tudo não passa de diabruras do coração!

Há coisas que apenas se sentem e nem quem as sente explica!