4.13.2009

Brisa da Manhã

Os ponteiros do relógio deviam andar à velocidade de cada um. É injusto! Hoje eu precisava da manhã, precisava que aquelas horas se triplicassem, precisava que o tempo fosse extenso para transformar linhas em leis. Somos diferentes e os dias passam por nós sem monotonia e hoje precisava da manhã e hoje (agora!) cedia a noite. Troca por troca, tão simples. Mas alguém achou caprichoso demais ambicionar o tempo e trocar a ordem ao ontem, hoje e amanhã. Queria encontrar esse alguém, mostrar-lhe a equação da ambição ao quadrado, não ceder a noite e aproveitá-la para lhe explicar (tim tim por tim tim) o porquê de querer tanto a manhã, manhã essa que os seus olhos avaliavam como mais uma. Pronto, dando voz à indecisão não queria bem isso. Queria antes só uns cinco minutos (sim, bastava-me cinco minutos) da minha noite com o tal alguém e cedia o resto para descontar na manhã e queria ainda que ele tivesse coração. Assim fazia engenhosamente uma ligação directa do meu ao dele e conjugava-lhe o verbo amar no presente (um minuto), apresentava-lhe o eu e o ele (dois minutos), mostrava-lhe a sinceridade do sorriso dos seus mais recentes conhecidos no meu telemóvel (três minutos), pedia-lhe a manhã para poder ter um hoje na cara (quatro minutos) e cedia-lhe gentilmente sessenta segundos para me perguntar 'quanto tempo precisas?'

O sonho não me trará nenhuma brisa da manhã. É pena!

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