4.24.2009

Cabeça de Babel

Tenho este problema: não consigo esquecer-me de nada. Não consigo abstrair-me de nada. É como se tudo existisse e vivesse em mim, todas as coisas do mundo ao mesmo tempo na minha mente.
Nesta minha cabeça de Babel, também o meu tempo nem sempre acerta o passo com o tempo que marcam relógios, tic-tacs variados que me fazem sentir sempre atrasada para um qualquer encontro. Tanta coisa a existir, tanto tempo para acertar o passo comigo, tanto tudo ao mesmo tempo que me dói tudo. Vivo em delay permanente. Nem sequer sei, depois, quando penso bem nisso, se estou realmente atrasada, desfasada neste tempo que me obrigam a cumprir porque me serve de guia. Não sinto, no entanto, os anos que tenho. Não sinto o fim nem o princípio do que sou. Quanto tempo têm estes peixes do meu aquário? Diz-se que os peixes duram poucos anos, poucos meses... Serão dias? Não sei. Se calhar sabem quanto tempo têm para nadar furiosamente no aquário em manobras de respirar sempre um pouco mais.
E por isso parecem eles mais livres lá dentro do que eu aqui dentro.

excerto do diário de Pandora Noreia Barbarosa

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