2.07.2008

Saudade

«Não. Definitivamente não é a saudade triste, a do fado, do tempo que já passou e 'não volta, nunca, nunca mais'. Não. É sentir falta, mas de uma forma boa, que nos faz sorrir, porque é tão bom ter todos estes momentos, memórias, lembranças, dentro de mim. Como quando sinto falta do sabor ao mar salgado da Boca do Rio, às nove da noite, com os meus pais e o meu irmão a nadarem ao meu lado. Da neve na boca depois de tantas gargalhadas e trombolhões. Do sabor das lágrimas e dores de barriga depois de tanto rir com a minha mãe ou algum amigo-irmão. Do requeijão de Seia que o meu avô ia sempre buscar quando me sabia lá por casa.
Sentir falta do sabor dos queques de maçã da Ericeira e das gargalhadas e disparates com que enchemos a padaria depois da surfada. Sentir falta do sabor a vento, sol e mar que paira em Hossegor. Das sestas na rede do moinho. Sentir falta das noites sem dormir com o grupo da faculdade.
Sentir falta do sabor de todos os meus primeiros beijos. Sentir falta dos abraços, sorrisos e de tudo o que senti com as pessoas que foram marcando o que me tornei.
Sentir falta de tudo o que foi e é bom e que me faz sentir bem a lembrar. Que me faz perceber como é bom viver e que de facto o segredo de uma vida bem vivida é aproveitá-la até ao fundo do fundo, sugar a intensidade de tudo até à última de todas as gotas. E fazer tudo genuinamente. De alma e coração abertos.»
Mariana Montepegado [@Soup]


E eu sentia falta [saudades!] dos dias de praia, do sol, do mar, e de pisar a areia. Sentia falta do caminho para a costa, do espírito com que vamos e do reconforto com que voltamos. Faltava-me a adrelina de entrar na água e de querer surfar. Soube bem matar as saudades e toda essa falta, melhor ainda com amigos e com um sorriso na cara. Sem pensar em nada e sem preocupações. E no fim do dia voltar a casa, tomar banho, encostar-me no puff, e começar a pensar na próxima ida.

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